Crônica das Origens da Família

Biografias


2958. Diogo Dias Borges

Diogo Dias Borges, nascido no Rio de Janeiro por volta de 1655 e ali casado (Sé, 2ð, 92v) a 15 de fevereiro de 1684 com Maria dos Prazeres Correia, nascida no Rio (Irajá 6ð, 21) e batizada a 4 de abril de 1667.

Ele já estava morto em julho de 1724.

(CR-PFRJ, I, 377).


3088. João de Abreu

João nasceu na ilha Terceira e teria vindo para Santos em 1568. Ali se casou com Isabel, nascida em Santos, filha de Paulo de Proença Varela e Inocência Dória. Pedro Taques afirmou que Isabel teria sido filha de Paulo de Proença e Isabel de Cubas, os quais Silva Leme registrou como pais de Paulo de Proença Varela e Inocência Dória e, portanto, avós paternos de Isabel. Seguimos esta última corrente.

O casal possuía grande cabedal, com o qual financiou em 1595 várias expedições ao sertão de São Vicente e ao território dos tamoios do Rio de Janeiro.

Em Santos, João de Abreu foi feitor e almoxarife da Fazenda Real das capitanias de Santos e Santo Amaro, por nomeação de 17 de janeiro de 1595. Foi camarista entre 1597 e 1613. Além dos cargos públicos, João também participou de entradas ao sertão, tais como a jornada ao Cabo Frio em 1575 contra os tamoios e a Paranaguá em 1585, ambas sob o comando do capitão-mór Jerônimo Leitão.

João foi sobrinho do pe. Bartolomeu Simões Pereira, primeiro prelado do Rio de Janeiro, falecido no Espírito Santo em 1602, talvez envenenado.

O casal recebeu duas sesmarias no litoral vicentino, a última em 1614, pouco antes de ele morrer.


3090. João Bicudo de Brito

João nasceu em São Paulo, filho de Antonio Bicudo e Maria de Brito.

Casou-se em São Paulo no dia 11 de outubro de 1632 com a titular, filha de Francisco de Alvarenga e Luzia Leme.

Em 1645 João bandeirava na tropa do capitão-mór João Mendes Geraldo nos sertões do sul do País.

Em 1650 Ana já era finada.


3092. Lourenço Castanho Taques

Lourenço nasceu cerca de 1608 em São Paulo, filho de Pedro Taques e Ana de Pro-ença.

Casou a 24 de novembro de 1631 na matriz da vila de São Paulo com Maria de Lara, filha de Diogo de Lara e Madalena Fernandes de Morais.

Por herança de seu pai, ganhou fazenda no bairro do Ipiranga, onde Lourenço se encastelou quando os Pires levaram a pior na luta entre eles e os Camargos (que provocou, entre outras, a morte de Pedro, irmão do titular).

No ano de 1641, da separação entre Portugal e Espanha, Lourenço Castanho firmou ata na Câmara reconhecendo por rei a D. João IV. Nem poderia ser de outro modo, pois os Pires representavam a facção lusa, contra os castelhanos Camargos.

Residia em sua fazenda, onde cuidava de sua centena e meia de carneiros, ovelhas e bovinos. Todavia, recebeu a serventia vitalícia do ofício de órfãos e exerceu diversos outros cargos públicos em São Paulo, como o de juiz de órfãos em 1664.

Em 1659, quando Salvador Correia de Sá e Benevides passou a São Paulo como administrador das reais minas, trouxe a Lourenço uma carta de D.João IV, onde o monarca solicitava todo o auxílio que Lourenço pudesse prestar ao administrador.

Durante o período em que o administrador e governador das capitanias de São Vicente, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, D. Salvador, esteve na casa de Lourenço, explodiu uma revolta no Rio de Janeiro, tendo sido depostos em 1660 os governantes da cidade. A Câmara carioca acusava D. Salvador de tirano opressor. Lourenço ofereceu tropas, diante da negativa de D. Salvador em permanecer na terra dos paulistas. Mas também esse auxílio foi rejeitado. A Câmara paulistana, em resposta a ofício de 16 de novembro de 1660 dos camaristas do Rio, respeitosamente inaceitou as acusações vindas da capital, oferecendo seu apoio ao governador. A revolta foi depois abafada e seus cabeças indultados.

Em 1669 chefiou bandeira que se embrenhou aos sertões mineiros, atingindo o rio Paracatu, onde hoje é o município desse nome. Mas no ano seguinte, a 8 de dezembro de 1670 (data da aprovação do testamento e de recibo do féretro) a morte levou Maria de Lara.

Quatro anos depois, a pedido do infante D. Pedro, Lourenço voltava ao Sertão dos Cataguases, ostentando a patente de governador das minas que encontrasse. Para dirigir essa bandeira abdicou da serventia vitalícia que herdara de seu pai, no juízo de órfãos, mas recebeu a patente de governador das minas em 1668.

Lourenço conseguiu descobrir minas, que primeiro foram denominadas dos Cataguases e depois, Gerais, nome que hoje tem aquele Estado. Nessa jornada não faltaram perigos, principalmente vindo dos ferozes cataguases. Em 1671 estava nos sertões de Goiás, combatendo os anicuns de Meia Ponte (hoje a cidade de Pirenópolis).

Lourenço retornou a São Paulo, vindo a falecer nessa vila a 5 de março de 1677, sendo sepultado na igreja do Carmo, onde já jaziam os restos mortais de seu pai. Seu testamento é de 20 de julho de 1670, aprovado a 5 de março de 1671. O inventário de seus bens começou a 16 de março de 1671 e nele há um recibo por acompanhamento do corpo à sepultura assinado a 7 de março de 1671 pelo padre Antonio de Lima.

Além do sítio, Lourenço deixou em herança casa na Borda do Campo, outra em Parnaíba, ferramentas, objetos de estanho e prata, 60 mil réis em dinheiro e escravaria indígena.


3096. Álvaro Rodrigues do Prado

Álvaro nasceu em São Paulo, filho de Clemente Álvares e sua primeira esposa Maria Gonçalves.

Casou-se em São Paulo (antes de 1641) com Maria Rodrigues de Góis.

Em 1639 o casal obteve sesmaria em Taquaratipí. Dois anos depois, Álvaro explorava os sertões das Minas Gerais. Em 1652, com patente de capitão passada por Pedro de Souza Pereira, administrador-geral das minas, Álvaro parte para Sabarabuçu, distante de São Paulo três meses. Os moradores de São Paulo tentaram, por todos os meios, impedir a bandeira por que o administrador-geral era português e participaria dos achados de prata e esmeralda. Mas a bandeira acabou partindo, em maio de 1655, sem, contudo, descobrir algo.

Ele foi nomeado em agosto de 1661 tutor de seu sobrinho João Tenório (filho natural de Clemente Álvares Tenório e a índia Cristina).

Maria de Góis morreu em 1670. Álvaro faleceu bastante idoso, em dezembro de 1682.


3100. Amaro Domingues

Amaro nasceu em São Paulo e foi filho de Pedro Domingues e Clara Fernandes.

Catarina, também de São Paulo, foi filha de Brás Mendes e Catarina Ribeiro.


3102. João Moreira

João foi filho de Pedro Álvares Cabral e Suzana Moreira.

Em São Paulo, a 4 de fevereiro de 1632, casou-se com Gregória, filha de Cosme da Silva e Isabel Gonçalves.

Residiam em Cotia e João ostentava a patente de capitão. Lá ele ditou seu testamento em 1691.

Gregória passou a Parnaíba, onde morreu em 1700.


3106. Pedro da Silva

Pedro nasceu em Portugal. Primeiro foi casado com Luzia Sardinha, filha de natural de Afonso Sardinha, o moço, (e de Maria Gonçalves).

Nessa época, Anade Alvarenga (que viria a ser sua segunda esposa) se casava com Domingos Rodrigues. Falecido o marido, Ana (filha de Antonio Rodrigues de Alvarenga e Ana Ribeiro) se casou com Pedro de Araújo, natural de Refoios de Ponte de Lima, parente de Sebastião Fernandes Correia, filho de Catarina de Araújo. O Araújo faleceu no sertão de Parapuava (norte de Goiás), no arraial de seu cunhado Antonio Pedroso de Alvarenga, no ano de 1616.

Pedro da Silva tomou parte na bandeira de Lázaro da Costa (1615) à região sul do País e na de Antonio Raposo Tavares (1628) ao Guairá. Parece também ter participado das entradas de João Mendes Geraldo (1645) ao sul e de Francisco Lopes Bonavides (1665) aos sertões goianos.

Pedro e Ana se casaram pelos anos 1617.

Ana faleceu em julho de 1644, deixando testamento de 11 de julho desse ano. Nos autos de inventário dos bens do casal (DAESP, Col. Inventários e Testamentos, vol. XXVIII, pág. 175) há uma declaração datada de 20 de julho, na qual o vigário Marcos Mendes dá quitação de cinco missas rezadas por intenção da alma dela.

Pedro da Silva morreu no dia 21 de março de 1666, tendo sido sepultado na igreja do Carmo, em São Paulo.


3108. Baltazar Fernandes

Baltazar nasceu cerca de 1575 em São Paulo (ou em São Vicente, segundo outros pesquisadores), filho de Manuel Fernandes Ramos e Suzana Dias, vivendo sua infância na fazenda dos pais, pelos lados do Ibirapuera.

Nessa vila se casou com Maria de Zunega, natural da Vila Rica do Paraguai e que veio para o Brasil com seu irmão Bartolomeu de Torales, ambos filhos de Bartolomeu de Torales e Violante de Zunega. Residiam em Parnaíba.

Em 1613, na bandeira de seu irmão André, seguiu no posto de alferes ao sertão de Paraupava, em Goiás. Conquanto a expedição tivesse saído com ordem de pesquisar metais preciosos, apenas cuidou de prear índios apuatiaras. Ainda com seu irmão, esteve no Rio Grande do Sul entre 1637 e 1639. Dessas entradas trouxe mais de trezentos indígenas escravizados.

Falecida a primeira esposa, casou-se com a santista Isabel de Proença, filha de João de Abreu e Isabel de Proença Varela.

Em 1641 foi, como representante da Câmara de Parnaíba, um dos signatários do documento com que os edis paulistas expulsaram os jesuítas da capitania (em represália à bula papal sugerida pelos inacianos e que excomungava os cativadores de índios).

Dedicou-se, também à fundição do ferro que extraía nos morros perto de Parnaíba. Mas em 1645 esses bens eram sequestrados para pagamento de dívida.

No mesmo ano fundou a capela dedicada a Nossa Senhora da Ponte, núcleo da futura Sorocaba. Em sua sesmaria plantava milho, feijão, trigo, arroz e algodão, além de criar gado. Tinha 400 índios a seu serviço.

O povoado que se formou nessas terras foi provisionado como vila em 3 de março de 1661 e Baltazar foi eleito seu primeiro juiz ordinário. Mas não durou muito sua magistratura, pois nesse mesmo ano Baltazar faleceu. Isabel testou em Parnaíba no ano de 1648 (documento aberto em 1654).


3112. Antônio Castanho da Silva

Antonio nasceu na vila de Tomar, com nobreza qualificada.

Vindo ao Brasil se casou com a titular, filha de Antonio de Proença e Maria Castanho, estabelecendo-se em Parnaíba, onde cultivava frutas européias, inclusive nozes.

No primeiro quartil do século XVII, abandonou seu lar à busca de metais preciosos na América espanhola. De Parnaíba foi para o Paraguai, atravessando-o até a região de Tataci, província dos quíchuas, em Potosi (Peru).

Ali faleceu, com testamento de 9 de fevereiro de 1622, onde declarou ter a administração da capela do Alcochete, em sua terra. A 31 de agosto de 1624 o juiz João de Brito Cação (biografado neste livro) manda inventariar seus bens e nesse processo encontra-se a certidão, abaixo (DAESP, Col. Inventários e Testamentos, vol. VI, pág. 215):

"Certifico yo el licenciado Lorenzo de Mendonza cura beneficiado deste assiento de Minas de Potosi y sus anexos en la provincia de los Chichas del Pirú que és verdad que en este dicho assiento en noeve dias del mes de setbro deste año de mil y seis sientos y vinte y dos murio y enterre en la Igla deste dicho assiento de Minas a Antonio Castaño portugues segun y como queda y está assentado en el libro de los defuntos desta dita Igla al qual Antonio Castaño yo el licenciado Lorenzo de Mendonza comuniqué y traté familiarmente en esta dicha prva y del supe ser natural de la vila del tomar en el Reino de Portugal y casado en el Brasil en el lugar de San Pablo y por ansi ser verdad y me ser pedido este la di firmada de mi nombre que es fecha en este dicho assiento de Minas de Patassi (provincia) de los Chinchas de Pirú en ocho dias del mes de otubre de mil y seis sientos y vinte y dos años y la di por dos duplicados. El licenciado Lorenzo de Mendonza"

Catarina já era finada em 1639.

Carvalho Franco, em seu Dicionário de Bandeiras e Sertanistas do Brasil, afirma que Antonio não deixou geração legítima, talvez interpretando erroneamente o que escreveu Pedro Taques: "teve dois filhos naturais de São Paulo".


3114. Diogo de Lara

Diego, que aportuguesou seu nome para Diogo, nasceu cerca de 1580 na freguesia de San Antonio y San Esteban, em Zamora (Espanha), filho de Diego Ordoñez de Lara. CASTRO COELHO, entretanto, fixou seu nascimento em São Paulo no ano de 1582;

Residia na praça de Tordegrado, na sobredita freguesia, junto aos muros daquela praça.

Veio para o Brasil, onde se casou em São Paulo no ano de 1607 com Madalena, natural de São Paulo, filha de Pedro de Morais Dantas e Leonor Pedroso.

Em 1608, pouco após o casamento, estava exercendo o ofício de almotacel na vila de São Paulo. Em 1615 ele matriculou na Câmara de Piratininga seis índios carijós. Exercia o ofício de tecelão e alfaiate.

O casal teria residido em Santana de Parnaíba, onde Diogo exerceu cargos de governança de 1625 em diante. Em 1627 foi nomeado testamenteiro de sua irmã Maria de Oliveira, documento escrito naquele ano em Santana de Parnaíba. Em 1644 foi testamenteiro de seu sogro, em São Paulo.

Em 1649 um Diogo de Lara morava em Paranaguá, onde era um dos principais moradores. Mas em 1650 já estava novamente em Santana de Parnaíba, onde assinou termo de curadoria de uma sua sobrinha.

Em 1660, com 80 anos de idade, foi testemunha em São Paulo, no processo de habilitação sacerdotal de Antonio Rodrigues do Prado.

Pedro Taques nos informa que vivia mais no templo de Nossa Senhora do Carmo que em sua própria casa e que comungava com grande frequência.

Herdou do pai uma quinta, onde Diogo vinha todos os dias, pela manhã, vestido no hábito de terceiro do Carmo. E nessa quinta cultivava as flores que usava para adornar o altar-mór da capela àquela Senhora.

Após a comunhão, ficava horas em profunda oração, inclusive recusando refeições para não se apartar da presença do Senhor. Aos sábados estendia suas orações até a hora do Salve, no fim das Completas.

Pedro Taques informa que Madalena morreu a 18 de julho de 1661 (com testamento de 12 de junho daquele ano), mas cremos que haja erro aí e que a data correta seja 8 de julho, pois Diogo pagou o enterro da esposa a 9 daquele mês, como lemos no respectivo processo de inventário (DAESP, Col. Inventários ____________, proc. nð 485).

Diogo faleceu a 28 de outubro de 1665 (ou 20 do mesmo mês, segundo Pedro Taques), sendo seu corpo depositado na capela da Ordem Terceira do Carmo, para quem Diogo deixou a quinta a que nos referimos, com o gado nela existente. Dizem que, morto, Diogo conservava semblante agradável e estado flácido, fazendo com que se espalhasse a opinião popular da santidade desse senhor. Ao processo de seu inventário, de 5 de março de 1665 (sic! Morreu em outubro!!!!!!), foi anexado seu testamento, firmado a 9 de outubro de 1658.

Eles deixaram aos herdeiros um sítio, terras em Guaraarim (na Ilha Grande, Angra dos Reis), outras terras vizinhas a Gaspar João Barreto, nas Campinas, uma casa em São Paulo e cerca de 40 escravos indígenas.